Xaxado e a realidade do sertão
Anos atrás já tinha conhecido o Xaxado, e no início deste ano ganhei de presente de uma amiga de trabalho quatro volumes da “Turma do Xaxado” (Ed. IMEPH). Foi aqui que me familiarizei mais com o personagem criado pelo baiano Antonio Cedraz, publicado primeiramente no Caderno dos Municípios do jornal A Tarde, a partir de 20/01/1998, e quatro meses depois passou a ser publicado diariamente no Caderno 2, do mesmo jornal, e não parou mais.
Xaxado é neto de um dos cangaceiros de Lampião e que através de suas tirinhas bem humoradas mostra a realidade do povo nordestino. A seca, a fome, o coronelismo e a fé do povo sofrido são retratados de forma triste como a conhecemos. Mesmo com toda a beleza e maestria de sua escrita e cores, é forte o estigma da seca como plano de fundo e que nos remete ao descaso como o nordestino é tratado pelos políticos, que só pisam naquele chão quando em busca de votos para se elegerem.
Xaxado é uma obra pra crianças e também para adultos, sem sombra de dúvidas, é tão denso e politizado quanto às tiras de Mafalda e outros personagens que abordam assuntos sérios por trás do bom humor. Xaxado e sua turma já tiveram materiais diversos publicados Brasil afora e até no exterior, em revistinhas, livros didáticos e uma série de outros produtos. Em abril de 2010, a Editora HQM lançou em banca uma revista mensal de 32 páginas ao preço de R$ 2,90. O tema em torno da seca do sertão é tão forte que é abordado nas escolas e faculdades na educação de nossa nação. Com uma leitura agradável, Xaxado dá o tom da simplicidade e do humor de uma realidade complexa e bem triste.
Texto originalmente publicado no Jornal Microfonia nº 04 (João Pessoa, PB - Julho/2011)
Texto originalmente publicado no Jornal Microfonia nº 04 (João Pessoa, PB - Julho/2011)
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